terça-feira, 16 de agosto de 2011

Who you think you are? Da crítica.


Olá pessoal. Eu tenho me questionado sobremaneira sobre a etiqueta nas redes sociais. Já é fato que somos muito mais tímidos e reticentes em nossas colocações quando estamos frente à frente com o objeto de nossas críticas. Mas, com a possibilidade de ter uma citação diluída no meio de uma massa aquosa e gosmenta de colocações preconceituosas e/ou cruéis acerca de algo ou alguém, acabamos ficando bem mais à vontade para destilarmos nosso veneno (e acrescermos volume à essa nojenta possibilidade). E, sim, leitor, eu estou te colocando nesse balaio também. 

Quem nunca criticou que me atire o primeiro tweet.

Segundo o Michaelis, crítica é (grifos meus):

sf (de crítico) 1 Apreciação minuciosa. 2 Apreciação desfavorável. 3 Censura, maledicência. 4 Discussão para elucidar fatos e textos. 5 Exame do valor dos documentos. 6Arte ou faculdade de julgar o mérito das obras científicas, literárias e artísticas. 7 Juízo fundamentado acerca de obra científica, literária ou artística. 8 Filos Parte da Filosofia que estuda os critérios. 9 Conjunto dos críticos; sua opinião. C. pessoal: a em que se trata mais do autor que da obra.


Percebam como coexistem em um mesmo conceito, sobretudo nos dois primeiros significados, em que minúcia e desfavorabilidade servem de adjetivação à mesma apreciação.
Naturalmente, vemos a crítica em cartas ligadas ao elemento Ar. O Mago, por exemplo, com todos os aspectos amorais da comunicação ligados ao seu arquétipo, lhe é completamente atribuível. O Louco, como contraponto, acaba por executar o mesmo efeito sem noção da periculosidade de seus atos. 
Os Enamorados, por tratarem da escolha, do solve da operação alquímica, do encontro e da apreciação, também incluem em suas juras de amor críticas às possibilidades em contrário. A Justiça, por sua própria temática, traz a crítica pela lógica que a norteia. O Eremita, por sua atribuição astrológica, Virgem, está em silêncio e vigília para antecipar sabiamente o momento exato da Fortuna.
A Morte, il Tredici, é tradicionalmente o corte dos excessos, a crítica que mantém o essencial. Nesse aspecto, a Torre dialoga diretamente com ela. O Diabo traz aspectos de maledicência que dialogam com o Mago e o Louco, mas aqui são plenamente conscientes e a maledicência tem um quê de prazeroso... Maleficamente prazeroso.  A crítica aqui toma os ares de exposição pública dos limites ou da Sombra.
O Sol traz à clareza. Com clareza, o que é demais sobra, e é retirado sem esforço.



Mas, quem poderá dizer que a crítica não está mais que bem exemplificada no Arcano XX?
Essa é uma das cartas complexas do baralho, cuja pesquisa iconográfica é o melhor caminho para sua interpretação no contexto atual. Não me estenderei nesse aspecto porque, brevemente, teremos o texto do Ricardo Pereira na Blogagem Coletiva; mas queria explorar um pouquinho os aspectos ligados à crítica desse Arcano.
Sua atribuição astrológica é o Fogo, ou Plutão. O fogo consome, destrói, dilapida, mas mantém o essencial, retornando os elementos a seus fatores originais. O fogo ilumina, aquece, transmuta e transforma. O fogo é poder de/e destruição.
Assim como a crítica. O trabalho de dez anos (às vezes, mais...) pode ser posto por terra por uma frase (mal)dita. O desenvolvimento de uma pessoa pode ser cerceado. A criatividade de uma pessoa, diluída.
Tenhamos cuidados com isso.


3 comentários:

  1. Emmanuel,

    Interessante o texto e eu me incluo. Assim como você. Acrescentaria também a sua rica postagem:

    A Sacerdotisa, como a crítica velada, a que ocorre escondida aos olhos dos expectadores, assim como do objeto da maledicência;

    O Hierofante, cuja crítica é mascarada em uma teoria, como se buscasse bases para fundamentar a maledicência;

    A Carruagem como o crítico que sente-se o herói à bradar defesas em favor de uma causa ou pessoa, mas falha nele a própria percepção de sua língua e,

    A Lua, que antes do Sol, representa Qoph, a nuca ou orelha, o que ouvimos do mundo. Pois é ela que nos faz ouvir coisas tortas, projetar intenções irreais e, à partir daí, críticas são apenas um resultado.


    Abraço,

    Adash

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  2. Respostas
    1. Qualquer crítica mal feita é cruel, Senhor da Vida, e fala mais sobre o agressor que sobre o agredido.

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Quando um monólogo se torna diálogo...